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Subitamente,
desperta da ausência da viagem
e observa, divertida, as gotas de chuva,
que teimosamente se obstinam em escorrer de forma ascendente sobre o vidro do pára-brisas, contrariando as leis da gravidade.
Mais acima,
deixa que o olhar e o coração se suspendam
na linha negra e fina, que o adejar dançante das asas de um pássaro vai imprimindo no azul acinzentado do plano horizontal usualmente designado por firmamento e sente que todo o seu corpo estremece de inveja.
Recusa a inveja, embora admita o anseio,
há já muito tempo que recusa todos os pensamentos que considera menos nobres e,
para se redimir,
deixa-se embalar pelo tangido dos violinos,
aumentando o volume do rádio,
para que o espaço se povoe de gritos lancinantes similares àqueles que teima em calar
e prende o olhar no castanho avermelhado das feridas dos sobreiros.
São nobres os sobreiros,
que apesar de feridos,
oferecem ao olhar de quem os fere
o castanho mais bonito do mundo.
tina
1 comentário:
o castanho é o mais bonito do mundo porque é nosso. também tenho de explicar-te que a ferida que os sobreiros sofrem é um mal necessário, tal qual a cesariana está para facultar um parto, uma vida! se a árvore ficar com a cortiça é possível que tenha uma vida mais curta. ao encascar demasiado o crescimento fica atrofiado e a árvore morre! isto foi o que me explicou um entendido na matéria! bjo
gostei do teu texto
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