
Diz-se que enlouqueceu por causa de um amor perdido, ao certo ninguém sabe.
Todas as noites, o palhaço vagueia pela praia.
Na mão a cana de pesca e nos olhos, permanentemente assestados sobre a horizontalidade escura das águas, a esperança.
Caminha, normalmente, com passadas lentas, como se temesse magoar a areia com o seu peso.
Outras vezes, porém, há quem o veja correr, para estacar subitamente e lançar a linha. Recolhe-a depois e, com gestos suaves, delicados, pega nas fosforescências azuladas que retira do anzol e, uma a uma, coloca-as no bolso do casaco para que se aqueçam.
Diz o palhaço que pesca sonhos, sonhos naufragados que, depois de reanimados, liberta nos quintais dos desesperados...
Diverte-os a sua loucura.
Diverte-os tanto que continuam a rir-se apesar de, nas noites seguintes, as crianças voltarem para casa com frascos cheios de pirilampos.
tina
Sem comentários:
Enviar um comentário